Para Kel Oliveira, visitar o Marrocos é uma experiência sensorial. A designer trouxe lembranças inesquecíveis do país africano e compartilhou dicas e impressões sobre um roteiro repleto de cores, sabores, aromas e paisagens deslumbrantes.
A jornada começou em Marrakech, quarta maior capital marroquina e uma das mais turísticas. Para os que desejam uma verdadeira imersão cultural, a melhor escolha é hospedar-se num autêntico Riad, residências típicas do país localizadas no interior da Medina (parte histórica da capital cercada por muros). “Carros não são permitidos na Medina e nosso percurso até o hotel foi à pé, inicialmente um choque cultural”, descreve a arquiteta. À caminho do Riad, o passeio pela praça Jemaa el-Fnaa, um dos cartões-postais da cidade, foi um momento marcante por “seus aromas, cores, pessoas andando de um lado para o outro, sons de flautas… Naquele momento, percebemos que nossa viagem seria única”, relembra a viajante.
Região de contrastes e surpresas, Marrakech ainda reserva outro local imperdível. No Jardin Majorelle (ver quadro História), o visitante poderá caminhar tranquilamente entre plantas provindas de diferentes partes do globo, e de quebra conhecer a Fundação Jardim Majorelle, que já foi a casa do estilista Yves Saint Laurent, que impressiona pela maravilhosa fachada em tons profundos de azul. O azul hipnotizante dos diferentes cenários marroquinos, aliás, é um diferencial do país para Kel Oliveira. “Nunca tinha visto nuances tão perfeitas da cor. Apesar dos tons terrosos serem parte do DNA das cidades, voltei com a sensação de que o azul é a cor do Marrocos”. Com um carro e acompanhado por um guia, o próximo destino foi o Ait-Ben Haddou, o mais famoso Ksar situado na encosta das montanhas do Alto Atlas, tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO (ver quadro História).
O aglomerado de casas fortificadas feitas em tijolo adobe foi, para Kel Oliveira, “um verdadeiro oásis no meio de uma paisagem árida”. Depois dessa visita histórica, o deserto do Saara trouxe mais surpresas, num passeio que promete ser um dos mais bonitos e intensos para qualquer aventureiro. Após pernoitar no povoado de Merzouga, a arquiteta levantou cedo para presenciar o nascer do sol no deserto. “Nada supera a visão de quem está no meio do deserto de terras vermelhas e céu de cores únicas. É mágico”. Dali, a viagem continuou rumo à Fez, cidade que transpira história, “uma verdadeira aula cultural a céu aberto”. Além da opção de passear pelas ruelas e becos da Medina, Kel Oliveira sugere a visita a uma cooperativa de cerâmica, onde o espectador poderá se maravilhar com o meticuloso processo de produção desse artesanato milenar. E para o final da viagem, explorar as ruas de Chefchaouen, a “pérola azul do Marrocos”, garante o prazer de flanar despreocupado pela cidade pincelada pelo intenso tom. Uma experiência única para lembrar por toda a vida.
CENÁRIO DE DIFERENTES EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS
Na descrição de Kel Oliveira, a viagem ao Marrocos é uma aventura sinestésica, onde paladar, olfato, tato, visão e audição são convocados a perceber diferentes aspectos da cultura do país. Pelas ruas de cidadelas históricas, a arquiteta não conseguia conter a emoção ao ouvir o som “inquietante e solitário” da chamada para as rezas muçulmanas, enquanto se sentia envolvida pela beleza dos tons de azul que compõem diversos detalhes da arte, moda, e arquitetura local.
HISTÓRIA
JARDIN MAJORELLE. O Jardin Majorelle, criado em 1947, é obra do francês Jacques Majorelle. O artista, apaixonado por botânica, trouxe centenas de variedades de vegetação de diversas partes do mundo para compor os espaços inspirados nos jardins islâmicos. Em 1980, o jardim foi comprado pelo estilista Yves Saint Laurent, que dizia encontrar ali sua fonte de inspiração. As cinzas do estilista, morto em 2008, foram espalhadas entre as rosas do Villa Oasis e um memorial em sua homenagem foi construído no Jardim.
AIT-BEN HADDOU. É um perfeito exemplar da arquitetura dos Ksares, vilarejos fortificados construídos em tijolos de adobe (uma mistura de materiais orgânicos locais como argila e palha). O Ait Benhaddou, construído numa colina ao lado do rio Ouarzazate, tem sua criação associada ao período de intensas trocas comerciais na região até o final do século XVI. O Ait Benhaddou entrou para a lista de Patrimônio Mundial da UNESCO e tem servido de cenário para grandes produções cinematográficas, como a série Game of Thrones.
HOSPEDAGEM
NA MEDINA. Riad é uma casa tipicamente marroquina, caracterizada por ter um pátio central em torno do qual se organizam os quartos. Em Marrakech, o hotel Riad Samsli, localizado na Medina da capital, foi restaurado para preservar a arquitetura tradicional e, ao mesmo tempo, proporcionar o conforto e o luxo de um hotel boutique. Com dois pátios (Pátio Piscina e Pátio Jardim), sete quartos e três terraços – de onde é possível observar a agitação e sentir todos os aromas da Medina – o Riad Samsli promete envolver os hóspedes em uma experiência singular.
Site: www.riadsamsli.com
NO DESERTO. O Maison Boutchrafine está localizado entre o povoado turístico de Merzouga e a cidade oásis Erfoud do Sahara. O hotel é garantia de uma experiência peculiar no deserto, mas extremamente confortável, com a exclusividade de ofertar apenas quatro quartos, cada um com um design diferenciado. As referências à cultura e história locais ficam evidentes não só na arquitetura e materiais utilizados, mas também no menu do hotel, preparado pelo próprio dono. É a melhor aposta para uma noite relaxante antes de se aventurar pelo deserto.
Site: www.maisonboutchrafine.com