POR ROSALINDA PINHEIRO
A arquiteta cumpre o desafio de dar visibilidade ao rico acervo do morador sem comprometer a leveza dos ambientes, trazendo em cada recanto um toque de arte com obras de valor estético e afetivo.
Para um colecionador de arte, o lar não é apenas seu abrigo, mas também o reduto do seu rico acervo. Sua morada é o lugar de imersão no universo artístico, onde cada recanto é um convite à contemplação. Projetar um local dessa natureza exige um olhar sensível por parte do arquiteto, que deve deixar as obras falarem por si – e não silenciá-las com excessos – permitindo que suas cores e formas se sobressaiam nos ambientes. Essa tarefa de caráter tanto estético quanto técnico, do apartamento de 300m², foi confiada à Rosalinda Pinheiro, que transformou o layout para fazer a arte ser vista e admirada a todo momento por meio da redistribuição das obras de maneira mais leve e harmônica. Desde o hall de entrada, os visitantes são surpreendidos pelas esculturas da coleção, que se fazem mais imponentes sobre as bases de mármore ou vidro. A transparência, inclusive, é uma das importantes estratégias do programa de Rosalinda para manter o sentido de leveza nos espaços e, ao mesmo tempo, deixar que as obras se destaquem. Para isso, a arquiteta tirou partido das cores neutras e de boa parte do mobiliário já existente, a exemplo da sala de jantar, em desnível, onde a mesa é acompanhada na cabeceira pela poltrona medalhão, mas preenchida nas laterais pela icônica Louis Ghost, de Philippe Starck. Olhares atentos logo irão notar que a escolha não só liga o passado ao presente, como também faz aparecer a escultural base da mesa. Outra ideia criativa para dar lugar à arte é o uso de nichos, tanto no móvel projetado de cor vinho Cartier com rasgos em vidro transparentes – que interliga as duas salas atraindo a atenção para os objetos em destaque – quanto na saleta da adega, em que os nichos embutidos na parede ressaltam mais esculturas de apreço do morador. O piso negro também recebe a beleza de tapeçarias orientais, finalizando com requinte e novos tons essa morada de afetos e experiências sensoriais.
Para dividir as salas e ainda expor peças importantes da coleção, o projeto contemplou um móvel expositor multifuncional, na cor vinho Cartier, que serviu como apoio para livros, CDs e outros objetos. Ali, as portas disfarçadas formam dois nichos em vidro desencontrados, onde também é possível abrigar outras obras. Tudo ressaltado por um eficiente projeto luminotécnico (LumensLigth). Na adega, esculturas são destacadas por nichos embutidos na parede. Destaque para o lustre em cristal de acervo do cliente.