A exposição Concretistas traz toda a geometria e a intensidade das formas simples nas obras de artistas brasileiros.
Toda a inovação estética de artistas brasileiros da década de 50 ganha destaque na exposição Concretistas, com a mostra de 40 obras de renomados representantes do movimento no Brasil.
No Brasil de 1950, quando o país vivenciava intensas transformações socioculturais por meio da industrialização, urbanização e desenvolvimentismo, asideias de racionalidade e valorização da ciência predominavam no seio intelectual da época. Nas artes, não poderia ser diferente, dando espaço para a difusão do movimento concretista nas diversas linguagens artísticas, como literatura, música e pintura. Neste último campo, a criação de museus de arte e galerias acabaram por facilitar as condições para a produção e a experimentação do concretismo no Brasil, que iria romper padrões estéticos e propor novas formas de concepção das artes plásticas. É assim que, em 1951, o escultor, arquiteto e designer Max Bill, um dos grandes nomes do concretismo, traz para o país os princípios dessa escola, ao realizar uma exposição no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Mas é em 1952 que o movimento se inicia oficialmente aqui, com a exposição do Grupo Ruptura, que declara em seu manifesto a “renovação dos valores essenciais das artes visuais”, por meio das pesquisas sobre geometria, possibilidades de aproximação entre arte e produção industrial, e ruptura com a tradição abstrata anterior. Toda essa pulsão vanguardista no Brasil das décadas de 1950 e 1960 agora ganha destaque com a mostra Concretistas, onde estão expostos quadros de importantes artistas da época, oferecendo a oportunidade de nos depararmos com toda a efervescência das inovações estéticas que o país vivenciou no mundo das artes. A mostra, em exposição na Galeria de Arte Mariana Furlani, reúne 40 obras dos principais representantes da estética concretista no Brasil, convocando-nos a pensar a arte em sua relação com a geometria das formas simples e a intensidade das cores fortes. Na exposição, vemos expressas as características mais essenciais da proposta, como as formas exatas, os traços geométricos, as ilusões de tridimensionalidade e a predominância de poucas e intensas cores. Já que a proposta dos artistas da época era abolir o abstracionismo e incorporar processos matemáticos à composição artística, o que vamos encontrar são traços puros em suas representações mais “concretas”. Pois a intenção do movimento não era representar a realidade, mas evidenciar estruturas, planos, cores, que não significassem nada a não ser eles mesmos. É exatamente essa profusão geométrica que encontramos nos quadros assinados por Hércules Barsotti, Eduardo Sued, Gonçalo Ivo, Judith Lauand, Macaparana e Peticov, nomes marcantes da décadas de 50 e 60 nas produções visuais de então. Ao trazer à tona esses artistas, a exposição oferece a oportunidade de entrarmos em contato com um dos momentos mais importantes da arte moderna no Brasil por meio das obras de seus precursores.
A ruptura com o abstracionismo e a predileção por formas puras são marcas das pinturas concretas de artistas como Hércules Barsotti, Eduardo Sued e Gonçalo Ivo, que você confere na exposição que vai até o dia 30 de janeiro, na Galeria de Arte Mariana Furlani (Rua Canuto de Aguiar, 1401, Meireles).