Open House

POR ANDRÉ MONTE

O designer de interiores abre as portas de seu apartamento, que guarda os melhores momentos de sua vida pessoal e de seus 15 anos de trajetória profissional. Perfume clássico, arte, brasilidade, estética apurada e emoção estão no seu DNA.

Painéis em madeira Pau-ferro e o tom de cinza preenchem as paredes e destacam a ambientação com móveis de design (Galpão D). Na sala de jantar, a mesa tem tampo em ônix (Multigran) e o lustre da Flos foi adquirido em Milão. O conforto extra vem dos tapetes (Bete Cunha). Persianas e cortinas (Agatek) dosam a entrada de luz. O projeto luminotécnico (Candela Iluminação) valoriza a arte de forma criativa e possibilita várias cenas. Todo o apartamento conta com sistema de automação (Singular Automações), integrando áudio, vídeo, cortinas, ar condicionado e iluminação.

Uma longa história. É assim que André Monte começa a narrar a concepção deste apartamento, que colocou diante dele um dos maiores desafios para um designer de interiores – projetar seu próprio lar. “A ficha caiu quando encontramos o imóvel ideal. Então pensei: o que vou fazer para nós? Hoje vejo o quanto o projeto reflete minha filosofia de vida e ao mesmo tempo tem a pegada de uma casa de profissional”, revela. Essa essência contemporânea com um perfume clássico, valoriza elementos que contêm afeto, objetos de viagem e muita arte – que se tornou coleção, paixão e inspiração. Há, desde luminárias da Flos e da Baccarat, os pratos icônicos da Fornasetti garimpados pelo mundo, coleções de louças que os acompanham há tempos, junto com obras de artistas cearenses e muito design made in Brasil, habitando todos os espaços. “Tudo aqui tem uma razão de ser”, destaca. Outro protagonista é a madeira, onipresente nos painéis de Pau-ferro. “Este material pertence ao meu DNA, é o meu elo com a natureza. Aquece, traz conforto e se contrapõe ao cinza, que escolhi como o principal tom das paredes, por ser neutro e atemporal”, explica. Do ponto de vista das intervenções no imóvel, a principal foi ampliar o estar. “Gostamos mais de sala do que de varanda para receber, então priorizamos o conforto, a privacidade da ala íntima e um layout que atende ao lado mais funcional do apartamento”, resume. Na entrevista a seguir, você vai descobrir outros detalhes deste imóvel e também um pouco mais da visão deste profissional, que chega aos 15 anos de carreira com uma identidade marcante. “Para mim, um bom projeto deve ter luz, arte e precisa emocionar”, afirma. E ninguém duvida o quanto estas inspirações fazem parte do dia a dia de André Monte, a começar por sua própria casa.

Destaque para o aparador com frisos em madeira Pau-ferro de desenho autoral. No painel da TV, o mármore (Multigran) foi trabalhado com dobraduras, como um origami. Vários móveis são de Jader Almeida, como a poltrona Celine no estar e as cadeiras bossa no jantar (Galpão D), acompanhando a mesa com tampo em ônix.

Revista Ambientes:Quando e como você despertou para a área do design de interiores?
André Monte: Minha primeira formação foi em Administração de Empresas, mas sempre tive vontade e necessidade de trabalhar com a criatividade. Comecei com artes plásticas e foi um pulo para chegar ao design de interiores.

R.A.:Depois desta mudança de rumo, como foi sua trajetória profissional até aqui?
A.M.: Já são 15 anos de trabalho e hoje me considero um designer de interiores que busca sempre conciliar o contemporâneo, o momento presente, com uma atmosfera mais clássica. Entendo a importância de, cada vez mais, pensar em projetos mais duráveis. Ao mesmo tempo, é interessante observar o quando o jeito de morar vem mudando desde quando comecei a estudar o tema, há duas décadas. O fato de todos – clientes e designers – estarem mais conectados gera uma transformação acelerada na nossa profissão.

R.A.: Qual a principal satisfação e os desafios de se trabalhar com design de interiores atualmente?
A.M.: O desafio é filtrar todas as informações que os clientes nos trazem e definir, a partir disso, os caminhos para entregar um projeto de fato personalizado. E a parte mais vibrante do nosso trabalho, sem dúvida, é ver os espaços finalizados e o cliente se enxergar imediatamente ali. “Ficou a minha cara” é a frase que mais gosto de escutar deles.

R.A.:Um bom projeto é aquele que traduz o estilo de vida do morador e se concentra em atender as suas necessidades. Nesse caso, quando o cliente é você mesmo, a tarefa se torna mais simples ou mais desafiadora?
A.M.: Para mim, um bom projeto deve ter três elementos básicos: luz, arte e precisa emocionar. E este apartamento foi uma longa história. Na verdade, eu não estava preparado para criar a nosso lar (risos). Vivíamos antes em uma casa que tinha muito de nós, mas eu não a concebi desde o início. Fomos pensando na mudança, na escolha dos móveis, mas a ficha de que eu teria que projetar só caiu quando encontramos o apê ideal – este é um por andar, com 180 m². Foi então que pensei: o que vou fazer para nós? Foi uma experiência boa refletir sobre nossas prioridades, filosofia de vida e estilo. Escolhi, por exemplo, tons mais austeros e até diferentes dos que costumo trabalhar no dia a dia. Queria uma casa da qual não nos cansássemos, sem muita informação nem muita coisa para me influenciar. Fui na direção de resgatar elementos emocionais que já nos faziam bem na outra casa e trabalhei em outras coisas que queria mudar. Busquei a emoção.

R.A.: Como você definiria o projeto? Quais os detalhes mais marcantes e como traduzem seu estilo de vida e profissional?
A.M.: O ponto foi conciliar espaços atemporais, com a pegada de uma casa de profissional, além de valorizar todas as lembranças. Colecionamos arte e temos muita coisa popular, cearense, brasileira e design assinado, somados a objetos de viagem, louças e os livros que me rodeiam. Tudo isso é a minha cara. Para costurar e harmonizar estes elementos de personalidade forte, investi em madeira, no cinza atemporal e no perfume clássico do mármore.

R.A.: Para você, o que é fundamental no trabalho de um designer de interiores?
A.M.: É como se o designer fosse um especialista, que tem a formação e a expertise para trabalhar diretamente em um aspecto do projeto. No meu caso, o mais prazeroso de verdade é trabalhar da porta para dentro, colaborando para tornar os espaços mais agradáveis e, consequentemente, melhorar a vida das pessoas.

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