O luxo e o glamour do mais valioso dos metais ressurgem através dos tons de dourado em superfícies e construções contemporâneas que revelam todo o esplendor de estruturas ultramodernas que resplandecem como joias arquitetônicas.
N a próxima vez que visitar a Suécia, experimente ir ao shopping Emporia, na cidade de Malmö. Você será surpreendido com um imponente “abraço” de fibras de vidro em tons dourados, que brilham numa cobertura de linhas fluidas e envolventes. Verdadeira joia arquitetônica, que reluz mais ainda à medida que a luz solar penetra nas transparências do prédio, trazendo à tona o glamour do dourado, já bastante usado na decoração de interiores e que, agora, ressurge em construções ultramodernas. Apesar de hoje ser substituído por materiais que remetem ao seu brilho, o uso do ouro na arquitetura remonta à Antiguidade, não só por sua beleza e magnificência, mas também pela versatilidade de uso. Conhecido como o “suor do sol” entre os incas, ele estava presente nos mais famosos monumentos, começando a ser usado com mais frequência nas igrejas cristãs e basílicas dos impérios Romano e Bizantino.
Toda a exuberância do metal teve seu auge com o Barroco, principalmente no Brasil, onde a descoberta das primeiras minas provocou euforia e uma completa transformação na sociedade da época. Por causa de sua abundância no país, as igrejas construídas eram ricamente ornamentadas em seus interiores. O luxo dourado também apareceu no período Rococó, através de exuberantes elementos decorativos. Com o surgimento do Racionalismo, o ouro se tornou cada vez mais raro na arquitetura. A escola ordenava o fim de todos os excessos em nome das formas elementares e de uma estética que valorizava o prático e o racional. De lá para cá, as aplicações em ouro deram lugar à predominância de superfícies naturais em aço, vidro, concreto e alumínio, ressaltando o simples e também o complexo, por meio do reaproveitamento consciente de materiais duráveis. Contudo, como verdadeiros Midas modernos, os arquitetos estão redescobrindo o esplendor dos tons dourados em projetos de arquitetura arrojada e com um rigor estético altamente futurista. Basta observar, por exemplo, a fachada do Museu de Defesa Medieval em Duderstadt, na Alemanha.
O prédio surge num estilo vanguardista, em surpreendente harmonia com as construções antigas em seu entorno, através de esplendorosos efeitos dourados resultantes de um revestimento em cobre. Aliás, como já dito, “vestir” os edifícios de reais brilhos de 24 quilates é coisa do passado – o dourado pode ser alcançado com o uso inteligente de outros materiais, como vidros compostos de finas camadas de pó de ouro, que não só refletem o calor no verão, como o retêm nos interiores das construções no inverno, evitando altos gastos com energia. Mas uma coisa é certa: do Antigo Egito à contemporaneidade, o tom do metal mais precioso ainda é a melhor opção para quem deseja ostentar!