POR CÉSAR FIUZA
Arte é o nome do meio de César Fiuza, cuja alma transborda, em vida e em cores, nas 22 telas que compõem a mostra Intempestiva Mente.
O sobrenome não nega: César nasceu com a arte entranhada em seu DNA. Filho de Ignez Fiuza, marchand que já apresentou cerca de 300 exposições e comandou sua própria galeria na década de 1970, observou a mãe se tornar uma das maiores estudiosas e propulsoras da cultura do nosso Estado, cravando desde cedo no peito a paixão pelo belo e pela criação. A matriarca dos Fiuza faleceu em 2016, aos 91 anos, mas, antes, construiu um legado que irá perdurar ainda por muitas e muitas gerações. Terceiro dos cinco filhos de Ignez com o médico César Fiuza Pequeno, de quem herdou o nome, ele primeiro se formou em Engenharia civil, área em que ganhou expertise e notoriedade especialmente no âmbito comercial. O filho, Cesinha, seguiu seus passos e optou pela Arquitetura, juntando-se ao pai na criação de projetos que estreitaram ainda mais a relação dos dois, entre si e com a arte. Durante todo esse tempo, o gosto pelas mais variadas manifestações artísticas sempre esteve ali, latente e presente, mesmo que de forma indireta, em sua trajetória, por meio do estilo único e multifacetado dos seus projetos, mas, assim como na história de sua mãe, que ficou viúva muito jovem, ganhou força diante de um grande desafio.
Em 2015, César sofreu um sério acidente vascular cerebral, ficou com dificuldade na fala e, durante o processo de recuperação, encontrou nas artes plásticas uma linguagem poderosa, capaz de fazê-lo superar as dificuldades e expressar todo o seu talento. Desde então, ele tem se dedicado exclusivamente à pintura, reencontro de raízes que trouxe ainda mais sentido à sua vida e carreira. Intempestiva Mente, em cartaz na Galeria Mariana Furlani Arte Contemporânea, marca sua primeira exposição no espaço que, há 10 anos, presenteia o público cearense com obras de grandes nomes da cena nacional. As 22 pinturas que compõem a mostra apresentam linhas geométricas de colorido intenso, numa explosão criativa que é, ao mesmo tempo, orgânica e precisa, em perfeita sinergia com o atual momento de vida do artista. “O desenho de César pinta as telas em precisos e livres movimentos gestuais que regem a expressão de seus sentimentos. É a manifestação do artista expondo a sua alma, abençoada pela Mãe Arte, que muito diz em silêncio. No dom da criação de César, os mistérios da vida a serem singrados”, define o também artista Totonho Laprovitera, em uma ode silenciosa à contemplação do trabalho de Fiuza.