Mulheres em Foco

POR AZUHLI

A imagem da mulher, em uma interpretação plural e criativa, por uma perspectiva não idealizada e de apropriação. Desenho e pintura delineiam a arte da cearense Azuhli, que propõe a representação a partir do olhar feminino sobre outra mulher.

Inspirada na produção de artistas conterrâneos, a cearense Luiza Veras foi se transformando pouco a pouco em Azuhli, uma das mais jovens promessas nas artes plásticas do país. O pseudônimo, que também é o anagrama do seu nome, concebe consistência nas pinceladas livres já bem características de seu trabalho. Aos 22 anos, busca ampliar o repertório e aprimorar a técnica em pintura na Universidade Nacional de Las Artes, fazendo da Argentina seu novo reduto criativo. A artista retorna a Fortaleza para inaugurar a Galeria Sculpt, localizada na expansão da loja Spazio, que busca dar uma maior visibilidade à produção cultural regional e nacional. A exposição revela o trabalho da jovem em busca de ressignificar e se apropriar do corpo humano por meio de desenhos e pinturas em óleo sob tela. Em sua obra, mulheres aparecem com contornos reais, muitas vezes com marcas de cicatrizes e até mutiladas.

As deformações fazem o público se ater a cada pequeno detalhe, numa interpretação plural e criativa. Parte da produção de Azuhli também está focada no autorretrato, o que permite encararmos a artista da forma mais crua. “A artista mulher que representa o corpo feminino de forma não idealizada já é uma revolução na arte. Os quadros famosos das mulheres mais icônicas são pintados por homens. Acredito contribuir com essa ruptura, dando cada vez mais autonomia ao trabalho feminino”, explica Azuhli sobre seu conceito. As personagens sempre estão em um “não-lugar”, flutuando no imaginário de quem aprecia o quadro. O traço, que vem do hábito de desenhar, é delicado e único, tão marcante que se distingue ainda de relance. “Acho que o elemento mais distinto é o traço. A pintura aconteceu bem depois e me permite envolver por esse universo”, resume. As cores, antes intensas, agora dão espaço a tons sóbrios, já incorporados pela vivência em terras argentinas. “Em Fortaleza temos cor e vida o ano inteiro, enquanto ‘los hermanos’ inspiram um ar mais bucólico”, explica. Assim, Azuhli está em constante evolução, experimentando e mesclando múltiplas possibilidades para produzir arte de impacto.

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