Por Guilherme Clidenor
Um dos nomes mais consagrados da pintura cearense no século XX, o artista natural do Cariri se destacou pelo uso poético e impressionista das
cores e exerceu um papel fundamental na modernização das artes plásticas no Estado.
Nascido no Cariri, em 1908, Guilherme Clidenor de Moura Capibaribe, conhecido como Barrica, é considerado um dos agentes fundamentais no processo de modernização das artes cearenses. Com vasta produção como pintor, restaurador, desenhista e ceramista, Barrica possui relação com campo das artes cearense desde seus primórdios, já que algumas referências biográficas o apontam como filho de Moura Quineau, um dos pioneiros da fotografia no Ceará. O início da carreira ocorreu em Fortaleza, como aprendiz do pintor e crítico de arte Carlos Felinto Cavalcante, na década de 1920, realizando a primeira mostra individual em 1935, em Pernambuco. Um dos fundadores da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, Barrica trabalhou com alguns dos nomes mais destacados do Estado, como Antônio Bandeira, Aldemir Martins e Estrigas.
Sua obra fascina pelo emprego poético da cor, revelando uma arte com luz própria
Sua trajetória foi marcada por mais de 100 exposições, incluindo participação regular na mais importante e competitiva mostra local de artes plásticas, o Salão de Abril, e trabalhos expostos em algumas das principais cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Após começar pintando retratos fotográficos, o artista enveredou para o campo das abstrações, com telas impressionistas e expressionistas. O talento refinado para usar as cores, com destaque para o amarelo-ouro que virou uma marca pessoal, resultou em obras compostas por paisagens, sejam elas urbanas, rurais ou marinhas, e figuras humanas de aspecto enevoado, com atmosfera densa e introspectiva. Na arte com cerâmica, originalmente, Barrica trabalhou com objetos utilitários, como pratos e vasos, mas logo passou a criar peças antropomórficas ou de formas abstratas orgânicas, policromadas e de acabamento irregular. Segundo Kadma Marques, socióloga e curadora de arte, sua obra fascina pelo emprego poético da cor, revelando uma arte com luz própria.