O arquiteto que revolucionou o mundo ao se inspirar nas curvas da mulher brasileira alcança uma mundialidade nunca atingida antes por nenhum outro.
Inspirado nas curvas da mulher brasileira, Oscar Niemeyer (1907 – 2012) não conquistou somente o Brasil, mas o mundo inteiro. Há quem diga que o arquiteto alcançou uma mundialidade nunca atingida antes por nenhum outro brasileiro. Considerado um gênio na área, o reconhecimento universal vem da sua habilidade constante em surpreender seus frequentadores em cada obra, sem deixar de lado sua linha autoral inquestionável com seu jogo de curvas e retas, que resulta em um trabalho poético. O arquiteto não se imortaliza apenas com as estruturas ousadas construídas no Brasil – como a construção de Brasília, os projetos no Ibirapuera em São Paulo e o Museu Oscar Niemeyer em Curitiba. Niemeyer seduziu o mundo inteiro, deixando sua marca em países como os Estados Unidos, com a sede da ONU; a Inglaterra, com o pavilhão para a Galeria Serpentine; e a França, com o Centro Cultural de Le Havre, só para citar alguns exemplos. “A curva no concreto surge naturalmente. Se você tem que vencer um espaço grande, a curva é a solução natural que o concreto armado pede. E o mundo é cheio de curvas”, revela. Inovador e único, Niemeyer não só revolucionou a arquitetura moderna, como deixa uma legião de seguidores apaixonados por suas obras de arte. Seu primeiro grande projeto foi aos 33 anos, quando desenhou em Belo Horizonte, MG, uma série de prédios a convite de Juscelino Kubitschek, conhecida hoje como Conjunto da Pampulha. Em 1956, ele foi convidado para a realização de um projeto mais ambicioso, a criação de Brasília. Durante a ditadura militar seus trabalhos começaram a ser recusados e seus clientes desapareceram, já que sempre declarou ser comunista. Impedido de trabalhar no Brasil, o arquiteto se mudou para Paris e começou a ser reconhecido internacionalmente, assinando obras espalhadas em cerca de 27 países. Em seus últimos anos, ainda que em uma cadeira de rodas desde 2009, o arquiteto nunca perdeu a alegria de traçar suas curvas na prancheta. Mesmo idoso, continuava a frequentar o seu escritório com o mesmo entusiasmo de quem viveu, sonhou, realizou e eternizou seu legado simples e absolutamente complexo através de um traço ou uma curva. Simples, assim, como ele.
“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual.”
“Seu trabalho visionário teve uma profunda influência (no mundo da arquitetura) – com sua ampla originalidade e sensibilidade espacial. Ele me incentivou a perseguir minha própria arquitetura de fluidez total”. – Zaha Hadid, primeira mulher a ganhar o prêmio Pritzker de arquitetura.