Carlos Otávio

POR CARLOS OTÁVIO

Um dos nomes mais respeitados da cena arquitetônica local e com inúmeros projetos a nível nacional, Carlos Otávio conta em primeira mão sobre motivações, expectativas e planos para e sua nova e excitante aventura de morar em dois países ao mesmo tempo – Brasil e Lisboa -, mudança que simboliza uma nova etapa em sua vida e carreira.

Alimentar o repertório de conhecimento e experiências tem sido uma constante na vida e na carreira do arquiteto Carlos Otávio, que se diz, antes de tudo, um curioso. Entusiasta das artes e da cultura, ele construiu sua bagagem profissional com muito estudo, fruto de cursos e pesquisas, mas também de um trabalho atento de escuta e observação, que inclui, claro, boas viagens ao redor do mundo, de onde surgiu um “caso de amor” com Portugal. “Vi uma Lisboa ainda bem sofrida, mas acompanhei também o resgate após a difícil fase da crise, tornando-se uma joia rara de recuperação urbanística”, conta o arquiteto, que, quando resolveu abraçar a ideia de morar em outro país e expandir suas fronteiras, logo pensou na cidade. A afinidade com a capital portuguesa, onde cultiva diversas amizades, além de outros fatores, como a proximidade geográfica, foram decisivos para a escolha de sua nova casa. A mudança, garante Carlos Otávio, não afetará os projetos locais e nacionais, que seguirão a todo vapor graças aos avanços tecnológicos e a um escritório estruturado, cuja matriz é – e continuará sendo – em Fortaleza, que nunca se restringiu a qualquer limitação territorial. Com 30 anos de formado e uma carreira sólida, ele agora se prepara para vivenciar as descobertas e os desafios que essa grande aventura além-mar lhe reserva. “Para mim, ter novos rumos é bastante excitante e traz uma grande renovação à vida”.

Os tons de areia trazem suavidade à paleta e se revezam com o verde mais profundo e as cores das matérias-primas utilizadas pelo arquiteto para preencher os espaços com um toque de cor e leveza. Na sala de jantar, ênfase para a mesa estrategicamente posicionada para garantir uma visão privilegiada da paisagem.

Revista Ambientes: Depois de construir a vida e a carreira no Brasil, você anunciou que irá morar fora em breve. Como foi essa decisão e a escolha de Lisboa como nova casa?
Carlos Otávio: Adoro viagens, pesquisas, desafios, e tudo isso faz parte da minha bagagem como arquiteto. Tenho 30 anos de formado e uma carreira que posso dizer de sucesso no Brasil, pois ao longo dos últimos anos tive a oportunidade de expandir meu campo de atuação realizando projetos em várias cidades brasileiras. Diante dessa experiência adquirida, foi surgindo a ideia de ir além e morar em outro país, expandindo as fronteiras. A opção por Lisboa foi algo natural, uma vez que tenho amigos e conheço a cidade há muitos anos, embora como turista. Vi uma Lisboa ainda bem sofrida, mas acompanhei também o resgate após a difícil fase da crise, tornando-se uma joia rara de recuperação urbanística. Um país europeu que fala a nossa língua, seguro e com economia em equilíbrio, além, claro, da proximidade geográfica.

R.A.: Como você vai conciliar os projetos aqui no Brasil?
C.O.: O escritório permanece trabalhando a todo vapor. Depois de todos esse anos de atuação, conseguimos nos estruturar bem, de forma que essa dinâmica é algo completamente viável. Além de ter total confiança nos sócios – Marcello Moreira e Mirella Barbosa – e colaboradores que seguirão tocando tudo por aqui, o meu acompanhamento segue como sempre, com uma rotina de visitas periódicas ao Brasil a cada dois meses e em momentos-chave ou sempre que minha presença se fizer necessária. No mais, estarei a um pulo de destinos como Paris e Londres, onde a oferta cultural é bem maior e mais diversificada, o que, sem dúvida, irá expandir bastante meu campo de pesquisa.

R.A.: E por lá, você pretende atuar na área, expandindo seu trabalho para uma nova praça, ou irá explorar outras possibilidades?
C.O.: Na verdade, embora muita gente talvez não saiba, eu comecei como artista plástico antes mesmo da Arquitetura. Com o tempo, a Arquitetura foi tomando corpo na minha vida e a arte foi ficando em pouquíssimos momentos. Não posso negar que essa nova fase tem reavivado o desejo de experimentar novos projetos ligados à arte, mas creio que todos esses anos de experiência em arquitetura de interiores também me capacita a buscar desafios além-mar. O fato de me comunicar facilmente em outros dois idiomas, como inglês e francês, é outro facilitador nesse processo de descoberta e experimentação. Vamos ver as oportunidades que surgem…

A adição do home à planta original agradou em cheio o cliente, que tinha como prioridade a ala social e os momentos de convivência com a família. Destaque para o tom de verde mais profundo que tinge a parede e para a convidativa poltrona Mole, de Sergio Rodrigues.

R.A.: Mesmo com uma relação próxima entre Brasil e Portugal, existem as diferenças culturais. Você acha que isso mudará um pouco o rumo do seu trabalho?
C.O.: Acredito que as diferenças só irão somar em minha bagagem profissional. Um bom projeto é aquele que tem a identidade do cliente e transcende fronteiras. Esse projeto, por exemplo, poderia estar em qualquer lugar do mundo.

R.A.: Por falar nisso, nos fale um pouco sobre o conceito dele?
C.O.: O conceito do projeto teve como norte o estilo de vida do cliente, um empresário que passa boa parte do tempo viajando. Portanto, cada momento em casa, perto da família, é precioso. Essa é sua definição de luxo. Outro ponto que influenciou todas as escolhas – desde a partida até a finalização – foi a arquitetura marcante da casa, localizada em um condomínio de praia. Como a implantação conduz o olhar para o mar, optamos por um projeto de interiores leve e arejado, que dialoga com o espaço exterior. Na paleta, destacam-se os tons branco e areia pontuados pela madeira e verde mais profundo aqui e acolá para conversar com a natureza que cerca e dá vida aos ambientes.

Vidros e espelhos estratégicos acentuam a sensação de amplitude e leveza do projeto. A cozinha aberta à sala – e delimitada por balcão em mármore – estimula a convivência. O lavabo ganha ar sóbrio e rústico, explorando pedras naturais no piso e nas paredes. Os interiores ganham o belo contraste da iluminação intimista com a luz natural.

R.A.: Para você, quais os pontos fortes desse projeto?
C.O.: Além da arquitetura marcante, os interiores também foram bem trabalhados com um estilo contemporâneo e elegante, pontuado com um quê despojado e o melhor do design brasileiro, algo que sempre busco valorizar em meus projetos. O desafio de transformar duas casas em uma só, a fim de acomodar confortavelmente a família, fez com que conseguíssemos adicionar à planta um home, que, sem dúvida, é um dos pontos altos da proposta. Ainda na área social, destaco a escada cujo guarda corpo de vidro permite que ela incorpore visualmente à sala de estar e traz ainda um efeito leve e moderno ao ambiente. Na área do jantar, um detalhe marcante é a disposição da mesa, estrategicamente posicionada para permitir que a linda vista do entorno seja apreciada pela família a qualquer hora do dia ou da noite. Enfim, tudo pensado para garantir funcionalidade, conforto, bem-estar e, claro, momentos especiais de convivência e relax em família.

R.A.: O que não pode faltar em um projeto?
C.O.: Primeiro, a compreensão do que o cliente almeja. Em seguida, devemos procurar conhecer o potencial financeiro de cada trabalho. Depois, um bom planejamento da obra, desenvolver um layout eficiente, fazer boas escolhas do mobiliário, acompanhar tudo de perto e uma finalização incrível. Eis a receita!

Na suíte do casal, um porcelanato de alta performance em HD assume o papel de cabeceira da cama, a fim de facilitar manutenção. Para o quarto infantil, o décor partiu do conceito montessoriano, com cama e brinquedos ao alcance dos pequenos. O tom de verde mais profundo traz bem-estar e conexão com o exterior.
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