A aridez típica do sertão nordestino foi uma das mais ricas fontes de inspiração da Casa Cor Ceará 2015. Sob o olhar dos nossos talentosos profissionais, a estética sertaneja – marcada pela simplicidade -, ganhou uma leitura sofisticada, pontuada pela presença de cores vibrantes, elementos rústicos e muita criatividade.
BOAS-VINDAS
A cadeira com encosto para os pés retrata bem o espírito pacato do nordestino. Roberto Pamplona Jr. apostou na peça pela força da madeira e do amarelo, que também nos remete à brasilidade. O descanso do homem do sertão também está representando na simplicidade do banco em madeira natural. A vegetação típica ainda se faz presente com o belíssimo agave-polvo contrastando com a argila expandida e com o nosso xique-xique. Karine Maia e Joel Filho mostram a nossa rusticidade por meio do sofá e do painel em pallets, das almofadas em renda e do tapete trançado em fibra natural, ideias que também reforçam o conceito de sustentabilidade. Repare o tabuleiro de xadrez onde as peças são representadas por personagens típicos da nossa região, como cangaceiros, beatos e cactos. Os pendentes vazados (Carmehil Network) , com as luzes de LED, arrematam a composição.
POÉTICA DA SECA
O balanço que nos remete à infância é um dos destaques do ambiente projetado por Josafá Neto, Eduardo Rommel e Thaise Julião. Os arquitetos usam diversos objetos que evocam a cultura nordestina, como cabaças, chinelo de couro, balanço, chifres de boi… Tudo em total harmonia com o piso em madeira e a rusticidade do tapete. As maletas antigas também compõem a decoração, dando um toque nostálgico ao espaço. Plantas como a espada e a lança de São Jorge, tão comuns nas casas nordestinas, dão graça e charme ao ambiente, assim como a fotografia do sertão produzida por Gentil Barreira. Brenda Rolim também se valeu da simplicidade de nosso regionalismo para seu espaço, trazendo a tradicional rede, potes de barro e os chapéus de palha. Já o tijolo da parede lateral faz referência à arquitetura de casas antigas. O piso em pedra natural, bem como o tapete de palha entrelaçado e o pufe em crochê em amarelo vibrante, trazem frescor e valorizam ainda mais a sensação de acolhimento do local.
DE VOLTA PARA O MEU SERTÃO
A memória afetiva do sertão permeia toda a suíte projetada por Ana Virginia Furlani, seja pelo colorido sutil das paredes caiadas em rosa ou pelo verdadeiro mosaico de janelas desgastadas de madeira, dando a ideia de que o tempo passou, mas ainda é algo vivo em nossa memória. A mesa central redonda de cimento e a fruteira de barro representam a simplicidade, contrastando com a leveza das cadeiras de design vermelhas (Desconexo Design). Também chama atenção a estrutura em madeira, que lembra o pau de fita das danças típica do nordeste, onde a arquiteta instalou fios de luzes aparentes. A cadeira assinada por Flávio de Carvalho foi customizada pelo caririense Espedito Seleiro, reconhecido nacionalmente pelo trabalho primoroso com couro, que se harmoniza com o banco em madeira maciça e a fotografia do homem sertanejo.