POR ANA CRISTINA
Ana Cristina descobriu sua arte observando a natureza e estudando o movimento do próprio corpo
Corpo, espaço, tempo e meio ambiente misturam-se no universo da artista plástica Ana Cristina Mendes, que descobriu as artes visuais através de sua experiência como estilista. Mas foi o contato com a dança e os exercícios de expressão corporal que despertou a artista adormecida. Buscou uma graduação em Artes Plásticas no IFCE, um curso de design no Fashion Institute of Technology, em Nova Iorque, e uma extensão em Dança e Pensamento na Vila das Artes/UFC, encontrando nessa formação sua própria linguagem – ou melhor, linguagens. Ana trabalha na fronteira de diferentes manifestações, transitando pelo universo do desenho, da escultura, da pintura, fotografia e vídeo. Em suas obras, a natureza, manifestada através de formas orgânicas e sinuosas, está sempre presente. “O meio ambiente não é um pano de fundo, mas o elemento integra dor de meu processo criativo”, ressalta. E a necessidade de tirar o desenho do papel e trazê-lo para o tridimensional materializou-se em esculturas. O traçado ganha forma em chapas de ferro e arame, envolvidas com tiras de tecido elástico que fazem o papel da pele que o contém. Seguindo um processo quase artesanal, suas pinturas e esculturas ficam entre a solidez da forma e a ausência de conteúdo. “Retrato a liberdade quando interajo com o meio ambiente, sempre na sua forma natural. Pode ser a água do rio que corre ou olho d’água em fonte seca, de todos os ambientes descortinam-se meios para moldar o corpo em seus limites, que se rasgam e se ampliam a cada novo momento”, afirma. Sobre as séries apresentadas nessas páginas, Ana Cristina explica: “Chamo esse grupo de imagens de pintura, apesar de serem fotografias”. Nas obras, a experiência da diluição é percebida no reflexo da água que escorria aos poucos, do gelo ou mesmo a vela que derretia, remetendo a sensações de passagens e à força de um diálogo que também se esvai. As linhas fluidas formam uma elaborada coreografia de forças e ritmos – revelam algo do mar enquanto testam os limites horizontais, em uma cartografia subjetiva.
“Conceitualmente, meu trabalho se constitui em um diálogo entre o corpo e seus limites, criando um diálogo entre a dança e o desenho.“
Ana Cristina já realizou exposições coletivas, individuais em âmbito nacional e em países como França e Alemanha. Atualmente, participa da exposição coletiva “Rito Resigno”, no Centro Cultural Banco do Nordeste. Suas obras também podem ser conferidas na Galeria de Arte Contemporânea Mariana Furlani, em Fortaleza; na Galeria Referência, em Brasília; e no Von Geis Forchheim, em Nuremberg, Alemanha.