Em sua passagem por Nova Iorque, Rafael Studart teve a oportunidade de conhecer de perto a inventividade de Sebastian Errazuriz, trazendo para a coluna desta edição suas impressões sobre o trabalho provocante desse designer e artista chileno.
Sebastian Errazuriz é um nome a se acompanhar. O chileno de 37 anos, que trabalha na longínqua ponte aérea Nova Iorque-Lima, tem um ponto de vista singular sobre design, arte e a tênue linha imaginária que separa os dois. Classificando seus trabalhos como esculturas funcionais ou mobiliário escultórico dependendo do aspecto primordial de cada peça, Errazuriz surpreende a cada nova empreitada. Casando uma linguagem poética, execução precisa e desenho surpreendente, os móveis não perdem o foco do que é mais importante: a experiência do usuário. Seus aparadores, cristaleiras e gaveteiros são sempre emocionantes. Abrem-se ao toque, mas nunca da forma como imaginamos. Explodem para os lados ou transformam-se em uma linda onda, cadenciados pelo movimento da mão de quem o toca. Tudo isso sem perder a funcionalidade. Uma peça que em especial me atrai é o Samurai Cabinet, que tive a felicidade de ver ao vivo (as peças são todas limitadas e estão quase sempre nas mãos de colecionadores). Abrir as aletas que formam o corpo do móvel com o passar de um dedo é uma experiência incrível e a possibilidade de configurar sua aparência de inúmeras formas é estimulante, o que torna cada interação com o mesmo única. Mais do que desenhar móveis, Sebastian é um criativo inquieto. Não se prende a rótulos, navegando com facilidade no imenso mar que é a indústria criativa. Faz intervenções urbanas que tocam temas controversos e polêmicos, como ação militar, suicídio e religião e recentemente realizou, em parceria com a Melissa, uma linha de doze sapatos baseada em suas experiências amorosas com um resultado, no mínimo, divertido. Um verdadeiro Renaissance Man.
O armário Samurai é formado por quase 400 ripas de madeira que, ao se abrirem, modificam completamente o visual do móvel, provocando o olhar para infinitas possibilidades de formas.